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Lendo e ouvindo...


Bem Vindo


quarta-feira, 29 de julho de 2009

Voltou o contador


Descobri que sou um tanto neurótica, com meus mimos.
Percebi isso com relação ao contador de visitas.
Confesso que desde o momento em que notei o seu sumiço, o dia não foi mais o mesmo.
Essa noite foi difícil conciliar o sono e deixar de pensar no problema. E olha que já o havia substituido por três, só para testar o melhor.
Não adiantou. Sabe aquela birra de querer o escolhido, só porque deixou de existir?
Pois foi assim. Não queria admitir sua ausência por falhas técnicas no site. Nenhuma explicação me valia. Troquei meu drama com minhas amigas blogueiras, mas nada me tirava do pensamento a falta que ele, o contador, me fazia.
Sei lá a que horas, consegui dormir, talvez para parar de pensar.
Não preciso dizer que levantei hoje,duas horas antes do normal.
Qual foi minha primeira providência após os cuidados de higiene?
Corri para o PC e eis que uma grande surpresa me aguardava. Ao entrar no blog, lá estava ele sorrindo para mim, no lugar de sempre.
Felizmente!
Fonte da imagem: dgaro.com.br

terça-feira, 28 de julho de 2009

Sumiu o contador de visitas


Ah! Meu contador de visitas!
Estou frustrada. Sumiu meu contador.
Confesso que esse contador não mede só nossas visitas, mas nossa felicidade ou tristeza se somos ou não muito visitados.
Hoje ao acessar este blog, faço como sempre, antes mesmo de ver se houve comentários a respeito do que escrevi, movimento a barra de rolagem em busca do espaço onde estão registradas as visitas e as páginas consultadas.
Qual não foi minha surpresa, quando constatei que havia sumido. Acionei a página e mais preocupada fiquei quando a Internet informou que a página não havia sido encontrada.
Ato contínuo, fui checar se era um problema apenas do meu site e com grande frustração percebi que todos os blogs, meus conhecidos que se utilizavam daquele contador, estavam com o mesmo problema.
O que fazer se naqueles poucos minutos eu estivesse perdendo o registro dos meus amigos diários?
Não quis esperar. Baixei outro contador! E o pior é que eu já tinha mais de 6000 acessos e mais de 1500 visitas !
Vamos ver o que acontece, meu povo.
Boa sorte para nós!

Fonte da imagem: dgaro.com.br

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A vaidade como bem


Existem pessoas que são vaidosas em criança, na idade adulta e até na velhice.
Na rua onde moro tem uma senhora de setenta e dois anos, viúva, com filhos que exibe diariamente sua jovialidade, em desfile, pela rua, servindo de exemplo para esses jovens de hoje, tão descomprometidos com a própria aparência.
Imaginem que essa senhora diz que todos os dias ao acordar, toma o seu banho e se apronta com esmero para o seu dia de dona de casa.
Com orgulho, exibe seus vários tipos de sapato, todos com salto alto, pois diz não se acostumar a andar de saltos baixos.
Com esses sapatos da moda, com vestidos longos ela cozinha, tira o pó dos móveis,varre a calçada.
Hoje, da minha janela, vi quando ela passou vindo do clube após a aula de natação.
Trajava um quimono atoalhado branco, bem comprido e calçava tamancos idênticos aos da Grazielle Massafera e desfilava como uma modelo de quinze anos, com toda a desenvoltura.
Fiquei por um bom tempo admirando-a, até dobrar a esquina e percebi que a vaidade para a mulher é um sustentáculo na vida.
Fonte da imagem: roselymsilveira.blogspot.com

domingo, 26 de julho de 2009

Meu sonho de consumo(I)


Tomei um banho rápido, com o intuito de não desistir da compra. Sempre acontece isso com meus desejos frugais – acabo deixando-os de lado.
Com a idéia fixa na cafeteira, saí em direção ao shopping próximo, pois lá, com certeza, escolheria nas diversas lojas de eletrodomésticos e nas lojas de departamentos, aquela ideal para a minha cozinha.
Não gosto de café, mas prepará-la ali, seria tudo de bom. Antes de comprá-la, garanti num reforço para a não desistência, os grãos adequados, escolhidos logo na entrada, no supermercado.
Percorri duas ou três lojas, inclusive a que distribuiu o folheto de propaganda e para minha tristeza, todas demonstravam estoque zero e os vendedores informavam aquele extenso prazo de entrega. O preço nunca condizia com o divulgado, porque isso, porque aquilo.
Meu desejo de comprá-la ia definhando e até questionei se era tão forte assim. Mas já tinha os grãos, o que fazer se não ir em busca da preciosidade?
Andei por mais algumas lojas, mas sabem, nenhuma das que eu via correspondia aquela dos meus sonhos – ou eram grandes demais, ou a diversidade de preparo não condizia com a utilidade que eu dela iria fazer.
Desalentada e culpando minha ferrenha compulsão em certas horas, voltei para casa com o pacote de grãos de café para cafeteira expresso.
Fonte da imagem: novoimages.quebarato.com.br

sábado, 25 de julho de 2009

Meu sonho de consumo


Meu sonho de consumo nunca foi o carro do ano nem um apartamento de luxo a beira mar.
Desde que me entendo por gente, meu sonho de consumo foi ter em casa uma cafeteira especial.
Nos cafés públicos, nas grandes confeitarias, nas grandes lojas e até mesmo nos laboratórios de exames, ou seja, onde quer que eu ia e existia uma, ficava fascinada.
Chamava minha atenção a forma rápida e exata dessas grandes máquinas de café, ao preparar a xícara, num pequeno toque. E quanta diversidade de tipos - expresso, caputino e outras!
Desde anos atrás quando as fábricas de eletrodomésticos lançaram no mercado as grandes cafeteiras de café expresso, empolguei-me. Desde então, venho buscando ter uma - especial -
Como para aguçar meu forte desejo, sempre outras prioridades de consumo, deixam para trás essa idéia fixa.
Hoje, lendo um desses folhetos de propaganda de grandes lojas de departamento, deparei-me com uma delas. Linda, no tamanho exato dos meus sonhos. Com recipiente para duas xícaras. Ideal para a minha bancada de cozinha.
Tomei uma decisão. Vou comprá-la.
Depois eu conto.
Fonte da imagem: novoimages.quebarato.com.br

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Vendendo uma parte da vida


Faz mais de um ano que não vou lá. Mas agora, que me encontro na estrada, quase chegando, me vêm à mente todos os finais de semana que, regularmente, íamos para lá descansar.
Lembro da visão do portão principal que nos sorria com seus flamboyants em flor e junto com as roseiras, na cor rosa, formavam um arco colorido, a nos dar as boas vindas.
Não tínhamos outro intento naquelas viagens semanais, além do descanso, puro descanso.
Não fazíamos questão de nada além da rede, das cadeiras espreguiçadeiras e das sandálias e roupas de banho de mar. Esses eram os únicos objetos pelos quais procurávamos e dispúnhamos à nossa moda ao chegar.
Apesar de tanto tempo ausente, o caseiro que nos serve até hoje, mantém tudo como se estivéssemos fora apenas desde o último final de semana – limpo e habitável, fazendo questão de não esquecer o cloro na piscina.
Já estou entrando e me emociono ao rever tudo depois de tanto tempo.
A varanda que circunda a casa grande acolheu meu carro, exibindo o ruído característico dos pneus roçando o solo ao subir a pequena rampa lateral.
Os passarinhos no pé da goiabeira próxima, parecem contentes com a minha chegada. Vejo cães, galinhas e gatos que estranhando o movimento àquela hora da manhã, aparecem nos gradeados das casas e a me espreitarem parecem querer me dar bom dia, tão grande o alvoroço que fazem.
Tudo exatamente como há mais ou menos um ano atrás.
Ouço o galope de cavalos se aproximando e sei que o caseiro e sua turma vêm me saudar.
Não espero por eles e entro na sala pela porta principal.
Grande emoção toma conta de mim quando olho o sofá e penso como as coisas materiais tem o poder de nos remeter a fatos importantes de nossas vidas, com grande facilidade, apenas num piscar de olhos.
Aquele grande sofá, com almofadas removíveis, acolchoado ao extremo – talvez ciente de sua função de proporcionar o máximo de conforto – é maravilhoso de se olhar em sua estamparia grande e de cores discretas e harmoniosas. Esse objeto havia pertencido a minha bisavó que o doou a minha avó quando esta se casou. Minha avó por sua vez, quando mudou para uma casa menor não pode levá-lo, fazendo com que ele passasse desde então a pertencer a minha mãe. Lá, ele participou e se fez de palco para todas as nossas histórias internas. Fotos então, são inúmeras as em que ele aparece, em várias épocas e diferentes pessoas. Já fazia um bom tempo que era meu e ali residia.
Por poucos segundos, revivi tudo em desfile. Doces momentos.
Já ouço passos no portão, mas caminho em direção ao quarto. Esbarro no grande urso que serve de escora para a porta. Ali fixado no piso, convida à entrada no quarto.
A colcha que cobre a grande cama de casal também foi presente de minha avó – vejo-a diante de mim, sentada na sua cadeira favorita, crochetando para as netas. Sinto saudades e ouço sua voz dizendo um dos seus chavões engraçados.
Não sei quanto tempo ali me detive em lembranças, mas a voz do caseiro me fez voltar a realidade, quando me cumprimentando efusivamente, afirmou que o comprador da casa chegaria em duas horas.
Fonte da imagem: www.sindusgesso.org.br

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Saudade do que não volta


Saudade! Saudade do que se teve e se perdeu momentâneamente...
Saudade do que não se tem mais...

Hoje senti essas duas saudades. Lembrei-me do meu bonequinho feito do travesseiro. Aquele que quando eu era uma criança, foi forçado a se transformar de travesseiro em boneco, por falta de dinheiro para a compra do boneco real, aquele do tipo dos que enfeitavam as vitrines das lojas de brinquedos.
Lembro aqui da alegria que senti quando o travesseiro grande e gordo tornou-se o Diego. Apenas uma fita elástica grossa e preta na barriga, definia a parte superior , onde os olhos, boca e nariz foram desenhados com a caneta preta, pelas mãos hábeis de minha mãe que fazia questão de não nos deixar carentes do artefato que qualquer diversão exigia. Lembro dela com a segunda saudade e revivo aqui as artimanhas que inventava para nos fazer felizes.

A parte inferior do travesseiro representava a barriga e os membros inferiores. Não precisava estarem ali presentes, bastava que aquela massa uniforme fosse designada como tal. Ao meu toque, adquiria temperatura ideal, flexibilidade ideal, tudo para povoar meus sonhos de menina. Falava com ele, bricava com ele por horas. Ouvia suas respostas às minhas indagações e só minha criatividade bastava para dar forma a brincadeira. Várias, diversas, de acordo com o meu estado de espírito e minhas viagens mentais.

Constato hoje que apesar de toda a nova tecnologia, são raras as crianças que, sem ter o que buscar nas próprias mentes, conseguem viajar como eu, naquele doce tempo...

Fonte da imagem : artemaniaartesanatos.blogspot.com

terça-feira, 21 de julho de 2009

A história do burrico


O Sol estava a pino e pequenas e constantes gotas de suor, cobriam meu rosto, enquanto eu tentava desamarrar daquela árvore, ali no imenso pátio da chácara, o burrico manso que ficou ali esquecido pelo caseiro desde as onze horas da manhã.
Enquanto minhas tentativas não logravam êxito, eu lhe dava água e conversava com o bicho que, aquela altura, já a recusava, demonstrando que seu único desejo era correr pelos campos, haja vista tanto tempo ali ficou aprisionado.
O nó da corda era firme e exigia mãos fortes de um homem do campo para desatá-la e eu com minhas mãos femininas e frágeis, percebi ao longo de mais de vinte minutos que jamais conseguiria.
Já eram mais de quatro horas da tarde e empregados das cercanias já tinham deixado seu posto.Àquela hora, moradores do local não costumavam estar presentes nas áreas externas, pois era comum se reunirem na grande sala de jantar para o lanche da tarde.
Caso eu chamasse alguém não seria ouvida pois minha voz se perderia naquela imensidão.
Como estava a caminhar pelas redondezas, não tinha comigo os apetrechos necessários, como tesoura e faca, para dar a liberdade ao burrico.
Agora, talvez sentindo que eu não o salvaria, desalentado, o coitado se estirava na grama seca e quente com choramingos característicos da dor que sentia por estar ali há tanto tempo.
Olhei ao redor e nada, sentei-me na grama e minhas roupas me protegeram, impedindo que eu sentisse a dor que o bichinho sentira. Pensei mil formas de libertá-lo, todas sem sucesso.
A cada tentativa, mais e mais o bicho se debatia, como a me pedir que não buscasse mais a salvação. Observei que naquele vai e volta perdi umas duas horas, quando me vi uma vermelhidão só, com o rosto em brasa. Tentando salvar o burrico, também trouxe para mim as mesmas dores e o sol não distinguia personagens naquela história.
De pronto esqueci o burrico, lembrando apenas de mim mesma e da minha tremenda ignorância.
Ato contínuo, danei a correr pelos pastos em direção à casa e em apenas quinze minutos me salvei e salvei o burrico, chamando o caseiro para soltá-lo.
Na maioria das vezes na vida, buscamos formas complicadas de solução para os problemas, quando julgamos sermos capazes de soluciona-los sem ajuda.
Fonte da imagem: maniadecaixinhas.blogspot.com

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Dia do Amigo


Nesse espaço procuro colocar palavras afetuosas em tudo o que eu escrevo porque as dedico aos amigos.

A todos os que me visitam desejo um feliz Dia do Amigo!

Um abraço afetuoso a todos.

Fonte da imagem: www.belasmensagens.com.br

Minha primeira e única pérola


Tinha eu cerca de quinze anos e minha irmã colada em mim, quatorze. Éramos adolescentes cheias de sonhos materiais, vivendo numa família de classe média, ao todo com oito filhos em idades diferentes, exigindo cuidados e necessidades em diversas escalas.
Os maiores, entre eles minha irmã mais velha, começaram cedo na batalha pela sobrevivência, mais com o intuito de,como era salutar nos bons tempos, cooperar com as despesas da casa. Vivíamos naquela época, na corda bamba das finanças, haja vista que para suprir boa formação para todos, minha saudosa mãe tinha que batalhar numa máquina de costura até altas horas da madrugada.
Lembro aqui, com grande carinho, que ali, com a força propulsora de minha mãe, meus irmãos que cooperavam nas despesas, iniciaram um processo de rearranjo da nossa vida, comprando para nossa casa, a primeira máquina de lavar, a primeira TV, a geladeira maior, já imprescindível numa casa com tantos ocupantes.
Passa agora pela minha memória, como o exemplo é importante na vida. Acho que ali, exatamente naquela época, aprendemos todos a sermos grandes administradores. Com a orientação dos pais e com as vivências dos irmãos maiores, aprendemos a dosar nossos anseios, a programar compras fúteis, a priorizar necessidades.
Mas, eu e minha irmã mais próxima de mim, vivíamos os arroubos da adolescência e carecíamos de tudo o que mocinhas como nós exibiam com orgulho, tais como anéis, pulseiras coloridas, roupas da moda, etc...
Me vem à lembrança e me emociona muito lembrar que, talvez para por fim a essa nossa premente necessidade, minha irmã, com muita dificuldade e deixando para trás seus próprios sonhos materiais, chegou em casa um dia nos fazendo a grata surpresa de nos presentear com um anel de pérolas. Aquele presente tão destoante da nossa condição financeira, pois não tínhamos o básico, nos tornou naquele momento, duas princesas.
Era um anel de ouro 18 quilates, fininho e tinha uma pérola legítima rodeada de pequenos brilhantes . Os dois eram idênticos, diferindo apenas no tamanho.
Revivo aqui esse momento importante de minha vida, que ressaltou na minha mente de adolescente mais do que o grande presente, o grande desapego de minha irmã em desembolsar por longos meses, uma quantia considerável do seu salário, para nos fazer felizes.
Tivemos essa pérola no dedo por muitos e muitos anos ainda, enquanto a grossura dos nossos dedos permitiu e constato que essa foi a minha primeira e única pérola.
Fonte da imagem:www.lourencojoias.com.br

domingo, 19 de julho de 2009

Meu primeiro dia na Internet


Sou uma pré-adolescente.
Minha cabecinha vive cheia de sonhos e anseio por novas descobertas.
Tenho um grupo de amiguinhos na escola que não fala em outra coisa a não ser sobre os grandes papos na Internet até quase onze horas da noite, todos os dias.
Citam jogos e mais jogos, superinteressantes, em competição pela grande rede.
Por mais de três dias me encantei com o que as meninas falavam sobre a webcam. Podiam mostrar umas às outras, penduricalhos recém-adquiridos para os cabelos, pedir opinião sobre a cor do novo batom, mostrar roupas novas e até mesmo o novo edredom comprado pela mãe. Tudo o que estivesse no raio da câmera poderia ser compartilhado pelas amiguinhas conectadas, apenas com um click.
Minha mente começou a arquitetar uma forma de dizer ao meu pai sem deixá-lo magoado, que o meu “computador rosa” já estava ultrapassado. Eu sei que com ele, fiz e ainda faço mil coisas, mas só que absolutamente sozinha.
Tentei convencê-lo de que precisava trazer meus amigos para dentro de casa, sem que ele precisasse se preocupar com lanches favoritos para a turma ou com o horário de por fim às brincadeiras. Por outro lado, tinha outra coisa a seu favor. Ele não necessitaria mais ficar tanto tempo a me dar instruções, pois eu as aprenderia com meus amigos. Notei uma cara de espanto na fisionomia do meu pai que pareceu não gostar nada de eu aprender fora de casa, aquilo que só ele estaria apto a me ensinar. Fingi não entender e continuei nos meus argumentos. Complementei que, sem eu estar a pressioná-lo, ele poderia trabalhar ou estudar sabendo que eu estava super feliz. Parece que foi aí que acertei. Falei na minha felicidade e meu adorado pai só quer que eu esteja bem. Pelo que conheço do meu pai, ele nunca dá uma resposta de pronto. Ele me faz esperar um pouco pela sua concordância e já aprendi que é para que eu tenha certeza do que quero.
Nunca, uma resposta me custou tanto. Como foram longos aqueles três dias. Fiquei absolutamente à espera, sem tocar naquele assunto nem mesmo nas horas das refeições. Um dia no nosso restaurante preferido arrisquei-me a fazê-lo, mas no exato momento, o garçom trouxe nosso frango e eu perdi o momento. Temia por uma resposta negativa.
Enfim, parece que meu pai entendeu. Hoje, após o jantar, como ele sempre faz, chamou-me para me mostrar a surpresa. Aí, entendi o motivo pelo qual ele me afastou de casa a tarde toda. Claro ! Ele precisava preparar todos os artefatos para deixar meu PC rosa funcionando como gente grande!
Só me deixou abrir os olhos quando ultrapassei a porta do meu quarto. Um grito de alegria tomou conta de mim, quando vi ali instalada, minha primeira webcam e minha surpresa ainda foi maior, quando vi na tela o programa que as meninas usavam. Corri e abracei meu pai – sei que ele não me viu adolescente quando com a mesma voz de antes, eu disse – pai, você é demais! – Acho que ele chorou, porque alguma coisa escorreu dos seus olhos, como água.
Corri e sentei na minha cadeira favorita, peguei minha agenda e de imediato, adicionei minha melhor amiga.
Gritos e mais gritos de alegria demonstraram minha felicidade quando pude ver naquele ponto verde o nome da minha amiga piscando pra mim.
Com um click apenas, como se mil pessoas já tivessem me ensinado, exibi minhas melhores habilidades para o meu pai que, num misto de surpresa e orgulho, assistia ali de pé, minha conversa com minha amiga.
Fonte da imagem: www.barucc.com.br

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A gripe suína


Acordei hoje, com a TV ligada e mesmo com o som baixo, (meu marido que tinha levantado antes e é ávido por telejornais, já se deliciava com as notícias e com seu prato de banana com granola), não pude deixar de ouvir as novas informações sobre a gripe suína.
Meio adormecida, eram tantas as novas chamadas para o fato, de fato aterrorizadoras, que de pronto levantei, já preocupada.
Concordo que é dever dos órgãos de informação deixar a população ciente de tudo que cerca a “doença”, mas percebe-se por parte desses mesmos órgãos, um gostinho especial em favorecer seus comentários com citações mais e mais desalentadoras.
Eu, em especial, creio firmemente que uma "boa cabeça" afasta qualquer mal e notícias assim, enchem nossa cabeça de desânimo, descrença e de tudo o mais de ruim.
Percebo, só de ouvir, que já começo a respirar mal e a espirrar sem motivo.
Serei eu muito influenciável ou de fato, notícias ruins nos levam a males físicos?
Pensarei a respeito...

Fonte da imagem: ultimosegundo.ig.com.br

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Ai que saudade de outrora!


Abri a porta do armário e me assustei. O tempo tem andado corrido e não pude fazer a “faxina” semestral nas gavetas. Não tinha me dado conta ainda, da quantidade de carregadores, filtros de linha, cabos de extensão, manuais e outras “tralhas”que fazem parte de nossa vida hoje, tantas, que até nos confunde.
Os celulares, se escolhemos ter duas ou mais linhas, já trazem consigo carregadores diferentes, fios longos, que exigem espaços só para eles.
As filmadoras e máquinas de fotos digitais, cada vez mais sofisticadas, diminuem no tamanho, mas carregam acopladas, fios e mais fios, junto ao alimentador de carga.
Fios, fios, fios... Nada coletivo, tudo só servindo para o seu aparelho.
Fico aqui pensando nos meus tempos de criança e sinto falta daquela eletrola que tocava os discos de vinil...
Nada era portátil, tudo, bem fixo às tomadas, presos ali na chegada e nunca mais dali arrancados, até que outra eletrola a substituísse. Penso também que não havia móveis para guardar os discos, como temos hoje, estantes e mais estantes para guardar DVD’s e CD’s.
Penso também que não sei onde isso vai parar. A modernidade está tão acelerada que pelos lançamentos no mercado, chego a crer que nem bem a versão de um produto é lançada, a outra versão já está no “forno”.
Hoje, já não se perde mais tempo de produção na busca do melhor, do mais refinado. Para que, se logo, logo, vai ser substituído.
Penso se crianças desta época terão tempo de se afeiçoar aos seus mimos, antes do coleguinha exibir um outro, em versão mais arrojada...
Lembro do meu primeiro celular, já burra velha e sinto uma tal nostalgia... Em tempo recorde tive que substituí-lo por exigência da operadora..
Novos tempos, que pena!
Fonte da imagem: radiospaulomarques.blogspot.com

quarta-feira, 15 de julho de 2009

SANTA INOCÊNCIA


Chegou esfuziante, bochechas rosadas, arfando de ansiedade, louca para me contar a novidade:
-Tia, vou te contar uma coisa, mas não é para falar pro’ meu pai!
Sem esperar pela minha concordância, continuou, atropelando as palavras:
-Hoje eu dei um beijo num garoto lá da minha sala!
Nessa altura, eu fiquei sem ar, com um olhar apatetado, misto de surpresa e temor. Para não quebrar o encanto, perguntei:
Ah, é? Parabéns! Foi o seu primeiro beijo, então vamos comemorar!
Agarrei-a pelos braços e desatamos a dançar, como duas doidas, eu, querendo que o diálogo logo acabasse e ela, propondo-me a dar todos os detalhes.
Continuou ela:
-Tia, foi assim. Aconteceu na festa junina de hoje. O João Pedro me deu um “crokito” e eu disse a ele que ele merecia um beijinho, aí cheguei perto dele e dei um beijo no rosto dele.
Aliviada, perguntei:
-E então, ele gostou?
Ela respondeu:
-Acho que sim, porque ele fez uma cara assim (e representou para mim a cara de felicidade do menino).
Só depois de detalhar tudo, lembrou-se que devia me fazer prometer não contar para ninguém a façanha.
Santa Inocência! Rara, raríssima hoje em dia, mesmo nas crianças de dez anos.
Saí de perto para deixar minha emoção correr solta...

Fonte da imagem: taniak.flogbrasil.terra.com.br

terça-feira, 14 de julho de 2009

Tirando o filtro da censura


Foi você quem quis assim.
Quando eu cheguei, não quis ocupar o seu lugar.
Vim, sabe-se lá porque, fazer parte da família.
Não quis que esquecessem de você, não quis que te ignorassem, se é que fizeram isso, porque não acredito.
Não tenho culpa se minhas formas redondas, meu sorriso cativante, tomou conta de todos...
Se você fosse esperta, ia perceber que aquilo era sazonal, duraria enquanto eu fosse um bebê.
Mas acho que junto com o meu crescimento, meu amadurecimento, você, embora com atos velados, foi amargando o desprazer de conviver comigo.
Lembro agora que para me fazer sofrer, você escolheu ressaltar as qualidades daquela que, veio depois de mim para se aliar a você, contra mim. Acho que não conseguiu.
Que pena!
Eu, a vida toda, tinha muito no que pensar, minha mente fantasiosa, não dava espaço para perceber essa “luta constante” de você comigo.
Por que, só agora, eu percebo tudo com clareza?
Será que agora, na velhice, eu gritei um basta?
Será que a falta de tempo para a compreensão, a aceitação, o disfarce me impulsionaram para enxergar tudo?
É, acho que foi isso! Hoje, caminho para o fim e, portanto, o meu umbigo é muito mais importante do que tudo. Se eu não me satisfizer hoje, quando o farei?
E tenho tanto ainda a realizar...
Por que tentar compreender, se não vou mudar mais nada...
Estranho que essa simples constatação me traz um grande alívio!
Que bom!
Fonte da imagem: jornalismob.wordpress.com

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Mãe, será sempre mãe !


Hoje parei para pensar na importância eterna que uma mulher que tem filhos, tem para o marido, o amante ou mesmo o namorado, como é tão comum nos dias de hoje, longe ou perto deles.
Observo pais de primeira viagem emocionados com a primeira experiência de ver aquele pequenino ser, diante de si e parte deles mesmos.
Observo pais velhos que viveram repetidas experiências nesse sentido, orgulhosos das suas crias.
Percebo também que os homens que não tem filhos acham-se nas atitudes, meio incompletos.
Vejo uma raiva incontida naqueles que não conseguem tentar outras experiências, porque amarrados que estão na mulher que não consegue fazer realizar o seu desejo, não podem ir em busca de ver uma parte de si nesse mundo.
Uma das coisas que mais me chama a atenção nesses homens que, favorecidos por alguma mulher - seja ela ou não o seu amor -, colocam no mundo um outro indivíduo, é o respeito eterno que têm por elas.
Sentem-se magnificamente beneficiados por aquelas que emprestaram seu útero para a colheita do seu sêmen e transformação num novo ser.
Já que eles não podem parir, que pelo menos seja assim...
Pobres daquelas que, nessa encarnação, não se tornaram mães, fisicamente, porque nunca sentirão por parte do homem amado, esse reverenciamento...
Fonte da imagem: cronicasdeumamae.blogs.sapo

domingo, 12 de julho de 2009

Seria tão bom...


Seria bom se hoje, ele não viesse.

Sinto que hoje quero dissociar-me de tudo e de todos e colocar o olhar atento apenas sobre mim, cuidando das minhas vontades e desejos pueris.
Seria tão bom se hoje ele não viesse...

Poderia esquecer horário, a preparação do ambiente, a escolha das roupas, o cuidado com os cabelos, o amansamento da fala e deixar correr o mundo, em volta de mim, como sou, sem a preocupação do agradar e do servir...
Seria tão bom se hoje ele não viesse...

Poderia sair por aí, a pé, esbarrando em qualquer tipo de pessoa, descobrindo seus anseios, o que fazem, como passam o dia...
Seria tão bom se hoje, apenas hoje, ele não viesse, para que eu pudesse sentir, genuinamente, como seria a vida sem ele...

Fonte da imagem:poemasmixa.blogspot.com

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Luvas, pra' que te quero ?


Abro uma de minhas gavetas. Aquela que guarda as relíquias, como cartões de amigos, santinhos, grampos de cabelo com strass, enfim, pequenas miudezas que só vem à tona, uma ou duas vezes por ano, em época de faxina geral. Sem querer, dou de cara com um par de luvas brancas de renda vazada, com um botãozinho de pérola próprio para o abotoamento no pulso.
Num piscar de olhos, volto no tempo e vejo-me ao vivo e a cores, com nove anos de idade, no teatrinho da escola pública. Meus cabelos encaracolados e compridos, faziam uma moldura para o rosto rosado e redondo. Eu representava uma daminha e entrava num salão finamente decorado, dirigindo-me a uma senhora à moda antiga, sentada num divã e dizia: - boa noite Dona Gertrudes. Essas eram as únicas palavras ditas por mim e como levei tempo para decorá-las no tom desejado pela instrutora.
Lembro-me dos dias anteriores ao espetáculo e revejo minha mãe preocupada em arranjar vestido, chapéu e as tais luvas. Vejo-me experimentando o traje e ensaiando todas as tardes na mesa da cozinha: - boa noite Dona Gertrudes! – boa noite Dona Gertrudes! – boa noite, Dona Gertrudes!
Num piscar de olhos vejo mãe,pai e irmãos menores, na platéia do pequeno teatro, com os olhos fixos na cortina e o sorriso nervoso de todos, quando terminei minha apresentação.
E aí eu pergunto, luvas pra que te quero? Ao tempo em que respondo – para no futuro, lembrar novamente desse doce momento da minha vida.
Fonte da imagem: artedekor.nireblog.com

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Saudade de ir à praia



Hoje, apesar do inverno com bastante sol, me deu uma vontade louca de ir à praia.
Acordei um pouco mais tarde, porque ontem à noite, decidi assistir uma daquelas séries quilométricas que nos prendem a atenção e fui dormir mais que duas da manhã.
Como sempre faço diante de um desejo desse porte, quis investigar dentro de mim, o porque dele surgir tão acirrado, haja vista que praia mesmo, já não freqüento há pelo menos uns dois anos.
Comecei por fazer uma comparação entre minhas idas de outrora e as mais recentes, quando ia para agradar ao marido, mais do que por um desejo próprio.
Visualizei-me como adolescente, como “rata de praia” que era e não pude deixar de rir, quando lembrei que, para não enfrentar os ônibus apinhados de banhistas e outros transeuntes, gastava todo o meu salário pagando táxi para ir e voltar, nos finais de semana.
Na minha divagação, vi-me presa dentro de um quarto, pois por ficar estirada ao sol, por mais de seis horas, minhas costas vermelhas em sangue, não aceitavam qualquer tecido sobre a pele.
Recordei-me de como era bom, comprar as roupas de banhos, variá-las bastante, como um manequim em sua passarela.
Prossegui nas minhas lembranças, vendo-me então, em outras praias mais distantes, em outros tempos, quando as praias ainda eram virgens até de pessoas. Nessa época, desvendávamos campos desconhecidos e podíamos fazê-lo, com bastante freqüência, pois o transporte próprio assim favorecia as aventuras.
Quantas vezes banhei meus pés, descarreguei tensões em areias finas lavadas no vaivém das ondas. Quantos lugares únicos, que nos davam a certeza da existência de Deus, pela natureza forte, ali presente.
Quantos perigos, quanto medo, quando caía, jogada pela força da onda, mesmo na beirada, porque cautelosa, nunca quis aprender a nadar.
Ao longo da vida, com muitas e muitas águas dessas me banhei, muito sol queimou meu rosto e meu corpo, muita espontaneidade brotou em mim, pelo simples prazer de se sentir livre e viva.
Aí, nas minhas lembranças, descobri a razão do desejo repentino – exatamente a vontade de voltar a se sentir livre de novo – como uma criança descomprometida com regras, horários e etc...
Fonte da imagem: neiaxinha.blogs.sapo.pt
Hoje tem um video poético no
"MINHA VIDA EM VÍDEO"

terça-feira, 7 de julho de 2009

Onde está a autoridade?



Verdadeiramente, não gosto de comentar neste blog, que tenciono fazê-lo poético, notícias veiculadas pela imprensa, quase nunca prazerosas de se ver ou ouvir.
Mas confesso que assistindo na TV , informações sobre os grandes núcleos de usuários de crack que se estão formando atualmente em todos os lugares, começo a pensar na falta de autoridade no Universo.
Indago a mim mesma, sobre o que é autoridade e vejo que esse direito de dar ordens, de agir, de tomar decisões, passa em paralelo pelos órgãos do poder público.
Se enveredo pela autoridade familiar, igualmente não a encontro, pois hoje os direitos humanos estão acima de qualquer entidade familiar, fazendo com que o indivíduo, consciente ou não, apto ou não, saudável ou não, possa determinar o que desejar sobre si mesmo, inclusive a de rejeitar um tratamento. Será mesmo que temos condições de açambarcar nos hospitais públicos, tão deficientes, também esse tipo de enfermidade?
Questiono essa forma de proteção velada que permite que qualquer pessoa tenha inclusive o poder de se destruir, de permanecer num vício que o levará antes da morte a total forma de degradação humana.
Questiono a falta de atuação do governo, aquela imediata, aquela que deveria ocorrer como forma de repressão à evolução gigantesca da situação. Chego a crer mesmo, que situações desse tipo sejam incentivadas para tomarem graus absurdos, para só então, as ditas “autoridades” colocarem o bloco na rua para disfarçarem os seus papéis de dirigentes.
Fonte da imagem: www.catho.com.br

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Hoje, senti vergonha de mim...


Hoje, o cenário de minha estória é a sala de recepção de um laboratório de análises clínicas.
São seis e meia da manhã e eu, meio sonolenta e jogada na cadeira de madeira não muito confortável, à espera do atendimento que só iniciaria às sete horas, sou, praticamente “acordada” por uma vozinha macia e quase inaudível, indagando se era lá que faziam exame de sangue.
Olho na direção daquele som e percebendo que a pergunta era a mim dirigida, respondo afirmativamente, ao tempo em que não posso evitar de reparar naquela senhora de baixa estatura, com a aparência de uns setenta anos, pobremente trajada, embora com cabelos e unhas dos pés e mãos, denotando trato.
Agarrava ela uma bolsa de modelo antigo – um pouco grande demais para seu tamanho – firmemente de encontro ao peito, como a impedir que qualquer gatuno de plantão, a arrancasse de suas mãos.
O que me impressionou naquela senhora foi o seu sorriso aberto e franco. Imediatamente aboletou-se ao meu lado e enveredou um monólogo de quinze minutos, onde me fez saber e ao grupo que aguardava o início dos trabalhos, toda a sua vida. Ali, naqueles poucos minutos, soubemos onde morava, que completaria no próximo mês oitenta e um anos, que ganhava um salário mínimo de aposentadoria e que tinha uma renda complementar, pois fazia doces para vender.
Seu relato, em nada condizia com sua presença ali – um laboratório particular, que atendia planos de saúde de custo médio. Sua aparência também destoava dos outros presentes, que se entreolhavam admirados de sua vitalidade, principalmente quando frisou que para ali estar àquela hora, utilizou três ônibus.
De repente, me vi diante daquela senhora, completamente viva e senti vontade de arrastá-la para um canto qualquer e dela absorver todo o frescor que os seus oitenta e um anos nos passava.
De repente me vi, bem mais nova e ali tentando descansar da noite interrompida... Eu que ali cheguei sem qualquer esforço, entrando num carro na garagem do prédio...Eu que em melhores condições financeiras, não precisava trabalhar para complementar a renda... Eu, que tinha tantos, preocupados comigo...
De repente, senti vergonha de mim...
Fonte da imagem: www.ricardoazevedo.com.br


domingo, 5 de julho de 2009

Minha querida mãe


Quando me dei conta, já estava chorando compulsivamente.
Algum dos irmãos falou na retirada dos ossos e aí foi que me dei conta da sua morte real.
A cirurgia de risco do meu marido, uma semana depois da sua morte e tudo o que advém de uma situação como essa, não me deixou viver o doloroso momento de sua partida e durante esses quase três anos, amorteci minha saudade, tentando ver o fato como natural.
Não quero dizer que várias vezes não me peguei derramando lágrimas emocionada, lembrando dos fatos mais sutis que compuseram nossa vida, mas ontem foi bem diferente.
Em alguns poucos minutos, revivi sua ida derradeira, numa maca de ambulância, revi seus olhinhos espertos a nos olhar, tentando entender o que ocorria ou tentando nos explicar que não voltava mais?
Como num passe de mágica, relembrei os cuidados, os ensinamentos, os incentivos e até mesmo os puxões de orelha, quando merecíamos.
Observei a minha volta e visualizei o patrimônio que deixou – uma família unida, completamente comprometida com suas diretrizes – como ela sempre desejou. Porque como mãe, ninguém sentiu ou soube mais do que ela. Não cursou nenhuma faculdade, mas era phD nesse mister e nas lições de vida.
Desde a sua morte, inconscientemente, a elegi minha santa devota, colocando sua foto no pequeno altar, junto aos demais, mas hoje, especialmente hoje, nesse choro compulsivo, sofrido, atrasado, vindo do âmago, como a pedir socorro para se externar, entendi exatamente o porque dela ter ocupado o lugar de Deus na minha vida.
Fonte da imagem: issoebossanova.blogspot.com

sábado, 4 de julho de 2009

Meu despertar de hoje!


Hoje, acordei forçada!

O clima frio que jogava uma aragem fresca pela janela do quarto, embalava meu sono e meus sonhos, quando exatamente às três horas da manhã, um grupo de mais ou menos uns oito adolescentes residentes no prédio em que moro, chegavam juntos de uma "balada" qualquer. Percebia-se pelo total descomprometimento com o horário do silêncio que estavam bailando também sob efeito da madrugada em festa.

Ao invés de subirem para seus apartamentos, fizeram ponto na portaria do edifício e em conversas, se é que possamos chamar aquilo de conversa, retratavam para todos aqueles que já, naquela altura, tentavam conciliar o sono, a sua "noite".

Percebi que, mesmo com o valor do condomínio tão alto, o prédio onde moro não tem porteiros nem vigias, pois os dois funcionários faziam-se "invisíveis" ante a falta total de educação dos jovens.

Que já não temos mais síndico, tenho plena consciência há mais de dois anos. O "senhor" que ocupa a posição, por aceitação daqueles condôminos que se prestam a frequentar as reuniões de condominio, é figura meramente decorativa.

Mas o que me chamou a atenção no fato, mais do que a irreverência dos pimpolhos, é a dúvida que me assaltou naquele momento, em que deitada na cama, eu me indagava sobre a qualidade dos responsáveis por aqueles jovens. Impossível que não estivessem ouvindo o que eu e toda a vizinhança, no silêncio da noite, escutava.

Onde está a responsabilidade dos pais de família de hoje que além de permitirem que jovens de quatorze e quinze anos, seus filhos, saiam sozinhos e retornem àquela hora da madrugada, não demonstram qualquer preocupação com a violência hoje existente?

Começo na minha própria indagação, a encontrar respostas para a existência do grande número de jovens perdidos, totalmente perdidos em seu abandono.

O pior é que depois da "casa arrombada" pais e mães vão para os jornais se queixarem dos cuidados que os órgãos públicos deveriam ter com a população, quando, eles mesmos, ditos responsáveis, sequer cuidam dos próprios filhos.

Lamentável !

Fonte da imagem: www.baladadahora.com.br

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Hoje, quer saber ? Senti muita pena dos ambulantes!


Vinha eu pela rua, meio assustada, em pleno meio-dia!
Tinha acabado de sair do Banco e mesmo acompanhada do marido, sinto aquele temor costumeiro que creio, nem cinqüenta anos de análise vão jogar por terra.
Como vivo sempre a cata de espécimes comestíveis, deparei-me com belos sonhos doces na vitrine de uma padaria e, para acalmar minha ansiedade, paramos para comprar.
Mais à frente, uma extensa barraca, tipo barraca de feira mesmo, fazia ponto na calçada e impedia o trânsito das pessoas, a não ser pela movimentada avenida. Várias pessoas aglomeravam-se ao redor do vendedor, pois as maçãs, frutas do conde, pêras e até mesmo uma única couve-flor por ali perdida, chamavam a atenção pela sua excelente qualidade e baixo preço. Lógico que também ali paramos e fizemos a nossa compra habitual.
Um pouco mais adiante cocadas pretas e brancas, parecendo que vieram de Itu, convidavam à compra e o sorriso do menino que portava o tabuleiro merecia que ao menos uma, levássemos para casa.
O interessante é que normalmente não se vê, naquele local, tantos ambulantes.
Mas hoje, especialmente hoje, vários pareciam fazer ponto no mesmo espaço.
De repente, um grito se ouve e todos, numa dança conjunta, começam a desarmar suas tendas e a jogar seus produtos em caixas de papelão, sem se importarem com os danos que eles próprios possam causar às mercadorias. O tempo urge e todos ao mesmo tempo, precisam fazer tudo sumir em segundos, para que os “fiscais” não levem embora aquilo que representa a sua sobrevivência e a de sua família.
Paramos assustados com tanta correria e confesso que demorei um pouco para entender o que se passava.
Nessa parada pude observar que embora ativos, não pareciam nervosos nem temerosos com a situação. Tudo ocorre todos os dias, fazendo-os treinados para exercerem seus papéis de feiticeiros no momento em que o rapa aparece.
Explicou-me a moça que vende cocos, que alguém lá atrás emite um sinal qualquer, conhecido de todos os outros ambulantes, como se fosse um assobio ou um grito de pega!
Nesse momento, já sabem o que fazer. O material exposto vai para dentro de caixas vazias, estrategicamente colocadas atrás dos balcões e à espera do momento crucial.
Casas comerciais ou mesmo residenciais abrem suas portas para a guarda dos carrinhos de supermercados, nesse momento, apinhados de mercadorias que, devido a correria, são ali empilhados desordenadamente.
Fixo minha atenção numa ambulante que vende arranjos de flores em vasos de vidro. Até seu balcão, ornado com uma toalha de renda branca, demonstra a sutileza do seu coração. Parece inexperiente, talvez tenha se iniciado no ramo há bem pouco tempo. Na ânsia de fazer sumir seu patrimônio, esbarra em outro ambulante e um dos vasos espatifa-se no chão de paralelepípedos.
Esquecendo que não deve deixar rastros, pára e lágrimas escorrem de seus olhos, fazendo-me crer que aquele vaso era o mais caro dos produtos que tentava vender.

Fonte da imagem: www.acessa.com

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A vida continua


São sete horas da noite. O dia todo choveu e as folhas caídas das árvores, me falavam entre um balançar e outro, da melancolia.
Tudo ao redor se reverenciava à tristeza daquela mulher. Parecia que todos, deveriam sentir como ela, que os dias seriam cinzentos para sempre.
Acabo de chegar na Igreja onde será rezada a missa de sétimo dia do seu marido.
Eu e outras tantas amigas prostradas na escadaria da Igreja, meia hora antes da cerimônia, a esperávamos ansiosas, buscando tentar saber o que dizer ou fazer no momento do encontro. Todas nós nos entreolhávamos, como a pedir socorro umas às outras.
A viúva, coitada, nesse momento, precisaria de braços mais que acolhedores... Compreensivos e silentes, como sua grande dor...
Todas nós conhecíamos sua vida até ali, vivia em constante lua de mel. Por mais de quatro décadas, nunca, em tempo algum, a tínhamos visto separada fisicamente do marido. No mercado, onde duas vezes por semana, religiosamente, os dois iam às compras, caixas e atendentes os tinham como exemplo de companheirismo e harmonia. Nos almoços de negócios do marido, quando adentravam o salão do restaurante, de braços dados, demonstravam naturalmente o amor que os unia e chamavam a atenção dos presentes pela sua felicidade contagiante. Em convívio com os netos, nos finais de semana, mais pareciam pais e educadores, do que, propriamente avós, apesar de sua idade avançada, pois seus atos eram totalmente contrários às rebeldias dos idosos, à falta de calma que tempera os ânimos do mais vividos. Faziam questão de ter e, com facilidade mantinham, o frescor da juventude, dos tempos áureos.
Não fosse por tudo isso, a surpresa quando foi anunciada a morte, pegou-nos a todas nós desprevenidas. Durante todos aqueles anos de convívio direto, fora gripes e achaques naturais da idade, não conhecíamos, nem participamos de doenças em um ou em outro.
Ali, na escadaria da Igreja, esperávamos encontrá-la miserável, em frangalhos mesmo, pelo acontecido.
Eis que uma porta de carro se abre e ela, auxiliada pelo motorista, surge com o mesmo sorriso de sempre a nos cumprimentar.
Ela sim, surpreendida com o nosso semblante sofrido, parece querer nos consolar, quando, sem deixar espaço para as nossas lamúrias, resume com firmeza tudo o que cercou o falecimento e finaliza confiante e cheia de esperança, dizendo que, apesar de tudo, a vida continua...
Fonte de imagem:acarosnoarmario.blogs.sapo.pt

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O relógio


Logo de cara, ao vê-lo, apaixonei-me.

Não sou daquelas que se rende a obras de arte caríssimas, famosas, só para mostrar que sou antenada em cultura artística ou coisas que tais.

Se um objeto me chama a atenção, podem crer que foi pela emoção. Pela sinuosidade das linhas, pela beleza e sobretudo pelo encantamento que gera em mim.

Desde criança, sei que sou fanática por relógios. Capto-os no pulso de quem quer que seja, nas estantes e nas mesinhas de cabeceira quando entro numa casa, nas paredes das cozinhas, nas torres das igrejas ou mesmo, nas paredes das lojas comerciais.

Todos me prendem ao menor "tic-tac". Já há muito, deixei de procurar uma razão para tal apego.

Eis que hoje, fui surpreendida, por um despertador nunca antes visto, nem mesmo em lojas onde esse é o produto principal. E foi de súbito que ele me chamou a atenção.

Não era um despertador comum, mas descomunal em sua beleza.

Sabem aqueles despertadores de mesa pequenos que no seu topo exibem duas campainhas? Aqueles que embaixo possuem duas perninhas viradas para o lado? Pois é. Imaginem um despertador desses com 45 cms de altura ! Exuberante!

Só ele preenche todo o espaço de uma mesinha de cabeceira.

Apesar do tamanho, conseguia ser sutil. E sabem, onde achei a "obra de arte"? Numa papelaria de um shopping.

Agora, de volta a casa, estou aqui com ele povoando meus pensamentos e interferindo na minha vontade, na minha compulsão de correr lá e comprá-lo.

Fonte da imagem: benitomotta52.wordpress.com