Hoje é o vigésimo segundo dia sem você.
Você foi embora. Não quero me ater às razões que te levaram de mim, mas só sei que estou terrivelmente só.
Por mais que eu me cerque de gente, por mais que todos queiram me consolar e mudar o meu estado de espírito, estou sem paz, sem rumo e sobretudo, sem razão para viver.
Nossa casa não é mais o nosso ninho e sim, um espaço comum, quase estranho para mim.
Suas gavetas agora vazias, seus pertences mais íntimos agora em outro lugar, longe dos meus olhos, me lembram que você não está mais aqui.
Sua voz antes tão presente no meu dia a dia, hoje, ausente de mim, me persegue onde quer que eu vá e onde quer que eu esteja, principalmente nas noites vazias que eu passo acordada à sua procura.
Minha rotina, antes tão cheia de tarefas, num piscar de olhos e sem qualquer aviso, tornou-se isenta da mínima atividade e do mínimo atropelo.
Estou verdadeiramente ociosa.
Como entender e reencontrar meus vários projetos, se todos se baseavam em você e nas suas coisas?
Como determinar o que fazer sem sua opinião, sem suas idéias, sem seu aconselhamento?
Como não querer seus carinhos, como sequer me imaginar sem eles?
Como percorrer nossa casa e me certificar de que você não virá?
Como dissociar de mim seu físico, suas mãos, seu companheirismo, seu amor por mim?
Perdi você e com você, perdi meu mundo, meu porto seguro, minha alegria e minhas vontades.
Nada à minha volta, faz sentido sem você.
Sinto-me sem mim, sem minhas crenças, sem um enorme pedaço.
Não sei o que fazer e sinto que preciso fazer algo urgentemente.
A cada dia que passa desço mais um degrau no abismo em que me encontro.
Muitas pessoas querem me ajudar e até tentam fazê-lo. Pena que passeios, divertimentos, conversas, ainda pioram esse caos dentro de mim.
Às vezes, quero crer que já chorei tudo o que precisava para esgotar a dor de não ter você. Mas, que nada... As lágrimas, mais e mais, surgem em avalanche, na minha angústia.
Quero rezar, pedir forças a Deus, mas sinto que nesse momento Ele me negou tudo.
Sinto falta do meu prato, da minha caneca, da minha cama, do meu banheiro, enfim, de tudo o que compartilhava com você.
Tudo está lá, no mesmo lugar, mas com um gosto amargo do vazio, da dor.
O escurecer, antes com ares de romantismo, hoje assumiu cores negras para mim. Traz o medo, o abandono, a solidão, traz o nada.
Meu amor, por que você teve que ir embora?
Tantos foram os sinais e eu me neguei a acreditar. Me neguei a encarar uma possível perda.
Acreditava realmente que você seria eterno para mim.
E agora, o que fazer?
(Adir Machado Vieira Queiroz da Silva - 27/06/11)