Hoje o dia é de nostalgia, de saudade. Todos os dias cumpro a mesma rotina. Ao levantar, depois de beijar meu amor ao meu lado, levanto-me da cama, passo pela mesinha de cabeceira e lá está ela me olhando…Pego seu retrato, beijo-o, dando-lhe o bom dia e peço pelo dia de hoje, que me dê momentos bons ou que mantenha os que já tenho, que proteja a todos nós, sempre.Sua foto no porta-retratos lhe confere todos os poderes que eu lhe dei na vida – o de deusa maior, única, imponente, perfeita, cheia de razões para falar ou calar – e por isso, lá está ela ao lado dos meus santos protetores. Hoje, já não crendo tanto neles, tenho a absoluta certeza de que só ela está ao meu lado. É a ela que peço, é com ela que reclamo, é por ela que choro, é nela que creio.Vejo seu sorriso pequeno, humilde mesmo, com vergonha de se mostrar. Penso agora no momento em que ela – tão sensível – adquiriu aquela postura rígida, militar…Penso também que não tinha o hábito de chorar, nem de rir…Acho que minha personalidade palhaça nasceu com o desejo de fazê-la rolar de rir junto conosco. No entanto, por mais que eu me aperfeiçoasse, não consegui meu intento. Conseguia apenas irritá-la e fazê-la se mostrar aborrecida.Lembro de alguns momentos em que fez aflorar seu sentimento, mas o máximo que conseguia era ficar ruborizada diante de nós.Não era do seu feitio acariciar-nos, não aprendeu assim. Mas como nos amava! Sei que nos ama até hoje, lá de onde está. Sinto isso agora muito mais forte. Afinal, trago-a, arrasto-a para mim nos momentos que quero e preciso. Eu apenas a chamo e ela vem. Sento-a a meu lado para ouvir-me várias vezes por dia. Inexplicavelmente, tenho-a muito mais presente agora, tão distante e tão perto.Assim está sendo hoje. Com o dia dedicado apenas a ela.Um dia para valorizar seu amor a nós. Suas renúncias. Sua total dedicação.Só ela – minha mãe.
(Adir Machado Vieira Queiroz da Silva - maio/2009)
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