Eram cinco as meninas que conversavam.Da mesma idade todas, embora os tipos físicos destoassem entre si.Uma loirinha, mais alta, tinha os olhos voltados para o social, para o que denotasse aparência e isso se fazia sentir no traje que usava - sandálias maiores que os pés, de solado grosso e alto, shorts de adulta e blusinha bordada com florões, deixando a barriga totalmente descoberta.A outra, ao lado, vestia roupas simples de menina daquela idade, não arriscava falar muito. Era amiga da loirinha e estava de visita, parecia não conhecer as demais.Uma morena, bem mais alta, já parecia adolescente e suas atitudes mostravam uma criança grande desengonçada. Morava no mesmo prédio e era amiga da loirinha também.A quarta, bem mais baixa e mais esperta que todas, era magrinha e parecia uma adulta em miniatura. Trajava shorts com pedrarias e sandálias bem mais altas do que as da loirinha.Notei que a quinta era simples demais – trajava roupas de criança mesmo, criança daquela idade – e seu rostinho meigo era seguro e seus comentários, na conversa, sem compromisso, diziam convicção.Sentada ali ao lado, entre a algazarra que faziam, parei de ler para prestar atenção na conversa. Sempre me interesso pelos papos de crianças.Reparei que o pivô era a quinta. As quatro tentavam descobrir, a partir da afirmação da loirinha, se era verdade ou não o fato dela, a quinta, ser rica.Eis que, do nada, surge a mãe da menina para buscá-la para o jantar e outras duas incitam a terceira a desvendar o mistério, indagando da mãe. Depois do empurra-empurra habitual, uma delas se encorajou e fez a tal pergunta:- Tia, perguntamos à Taissa se ela era rica e ela respondeu que sim, é verdade?Percebi que a mãe, sem nada entender, apenas respondeu:- Se ela disse que é, podem acreditar que sim, porque só somos o que verdadeiramente sentimos ser.A mãe e a menina despediram-se do grupo que, um pouco decepcionado e sem mais o que comentar, desfez-se….
Fonte da imagem:www.poesias.omelhordaweb.com.br
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