Judite levantou tensa. Olhou o relógio e já eram 9.40 da manhã. Também a madrugada inteira rolou na cama, sem conseguir dormir. Só depois das sete da manhã conciliou o sono intranqüilo daqueles de quem não está em paz.
No caminho até o banheiro, passou pela mesinha de cabeceira e o porta-retratos mostrava sua mãe, olhando-a. Desde que ela se foi tinha esse hábito diário, ao levantar e ao ir para cama. Beijava a foto e pedia proteção. Não sabia porque, mas acreditava que depois de sua morte, sua mãe adquirira poderes de “santa” e sempre ao viver qualquer problema, dividia-o com ela, como se ainda estivesse viva, ali a seu lado.
Durante a madrugada inteira, pensamentos fervilhavam indo e vindo. De repente, como se o mundo tivesse parado, reviveu situações na mente que lhe mostravam que a vida, durante todos aqueles dezoito anos de convivência, não fizeram com que seu companheiro mudasse em nada.
Ali estava ele, provando a ela, os reais valores da vida – a indissolubilidade do casamento de papel passado, a divina importância de ser pai, o respeito e o agradecimento eterno as mulheres que lhe deram filhos, as lembranças orgulhosas dos bens maiores adquiridos com seu próprio esforço anos atrás. Ali em suas colocações, agora tão evidentes, Judite percebia a fragilidade de sua vida.
A punhalada maior, a mais cruel, foi a que ele lhe deu quando sem mais nem porque, lhe perguntou por que ela não tinha lhe dado também um filho?
Judite não sabia a resposta. Há três dias, em vão, revivia passagens de sua vida buscando a temida explicação.
Por mais que revirasse os pensamentos, outra pergunta se agigantava à sua frente: por que ele não perguntou isso nos tempos em que ela ainda poderia recorrer a outros métodos não naturais para atendê-lo?
Judite não sabia a resposta. Nunca achou tão verdadeiros os títulos reais na vida. Esposa – mãe –
Nesse momento sentiu uma tremenda inveja ...
Fonte da imagem: textonosso.blogspot.com
No caminho até o banheiro, passou pela mesinha de cabeceira e o porta-retratos mostrava sua mãe, olhando-a. Desde que ela se foi tinha esse hábito diário, ao levantar e ao ir para cama. Beijava a foto e pedia proteção. Não sabia porque, mas acreditava que depois de sua morte, sua mãe adquirira poderes de “santa” e sempre ao viver qualquer problema, dividia-o com ela, como se ainda estivesse viva, ali a seu lado.
Durante a madrugada inteira, pensamentos fervilhavam indo e vindo. De repente, como se o mundo tivesse parado, reviveu situações na mente que lhe mostravam que a vida, durante todos aqueles dezoito anos de convivência, não fizeram com que seu companheiro mudasse em nada.
Ali estava ele, provando a ela, os reais valores da vida – a indissolubilidade do casamento de papel passado, a divina importância de ser pai, o respeito e o agradecimento eterno as mulheres que lhe deram filhos, as lembranças orgulhosas dos bens maiores adquiridos com seu próprio esforço anos atrás. Ali em suas colocações, agora tão evidentes, Judite percebia a fragilidade de sua vida.
A punhalada maior, a mais cruel, foi a que ele lhe deu quando sem mais nem porque, lhe perguntou por que ela não tinha lhe dado também um filho?
Judite não sabia a resposta. Há três dias, em vão, revivia passagens de sua vida buscando a temida explicação.
Por mais que revirasse os pensamentos, outra pergunta se agigantava à sua frente: por que ele não perguntou isso nos tempos em que ela ainda poderia recorrer a outros métodos não naturais para atendê-lo?
Judite não sabia a resposta. Nunca achou tão verdadeiros os títulos reais na vida. Esposa – mãe –
Nesse momento sentiu uma tremenda inveja ...
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