Canecas são canecas. É assim que dizem. Mas aquela, a minha caneca, não. Era especialíssima. Seu amarelo ouro reluzia ao toque das minhas mãos.
A estampa suave de flores miudas lhe conferia a aparência de uma peça de porcelana chinesa, escolhida a dedo.
Tinha-a comigo por décadas e foi presente de uma amiga do ensino fundamental. Quando tinha-a nas mãos, ocasionalmente lembrava-me do dia em que a recebi. Era dia de Natal e minha amiga fez suspense ao entregá-la a mim, pedindo que tivesse todo o cuidado ao abrir a caixa pois corria o risco de quebrá-la. Essa recomendação me acompanhou vida afora e nas minhas mudanças de casa.
Tinha-a como algo precioso, quase como um talismã e eu mesma, após o café da manhã, fosse quem fosse o responsável por lavar a louça, fazia questão de cuidar dela e colocá-la no armário em posição que só eu a poderia pegar.
O café da manhã tomava ares de um café num jardim encantado e os sabores vindo dela eram sublimes, com o ar da infância, até hoje, quando um ato desajeitado de minha parte a colocou no chão em pedaços.
(Adir Vieira - 14/01/11)
Fonte da imagem:wwwblogdatita.blogspot.com
Tantas coisa que agarramos e que fazem parte do nosso dia a dia como se fossem seres vivos e reais
ResponderExcluirUma história lindamente escrita.
Interessante esta história.
ResponderExcluirSaudação