Janice não estava acostumada a paradas na vida. Acordava frenética e conseguia ao mesmo tempo, preparar o café, acordar os filhos e dar instruções a empregada.
Ontem, ao ligar a TV, coisa que já fazia automaticamente ao levantar, assustou-se com as instruções dos órgãos governamentais, para que não saisse de casa, devido ao caos provocado pelo temporal da noite anterior.
Aí se deu conta de que Marinete, sua auxiliar, estava atrasada há quinze minutos. Ato contínuo, ouviu sobre a paralisação das instituições de ensino e mais alarmada ficou. Se as crianças não podiam ir para a escola e se Marinete não chegava, como poderia ir trabalhar? Essa questão afigurou-se mais difícil que o relatório financeiro complicado apresentado em reuniões de cúpula na Empresa em que era contratada.
Pensou em deixar as crianças na casa do pai, mas as tentativas de encontrá-lo foram vãs. Mais tarde, uma ligação dizia que ele tinha permanecido na Empresa, por dificuldade de locomoção na noite anterior.
Acercou-se da TV e a cada notícia, sua expressão ia se modificando, sem saber o que fazer.
Aquele era exatamente o dia em que o projeto trabalhado durante dois meses seria apresentado para sua Diretoria, o que poderia lhe render a tão esperada promoção. Orgulhava-se do resultado final.
A voz de um dos filhos chamou sua atenção quando perguntava sobre o pão com geléia.
Janice tinha que admitir. Estava diante de um problema enorme.
Outra ligação informava que Marinete não havia conseguido sair de casa e que ainda por cima, a chuva havia destruido todo o quartinho dos fundos, impossibilitando-a de ir trabalhar no dia seguinte.
Janice quase arrancou os cabelos, embora tenha sentido um aperto no peito com o infortúnio de Marinete.
De repente, reuniu forças, como se precisasse arranjar saidas para o mais crucial dos problemas e apenas decidiu ficar diante da TV e acompanhar o desenrolar da tragédia causada a muitos pelo forte temporal que assolou a Cidade.
Fonte da imagem: fotos.limao.com.br
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