Hoje comemoraríamos o aniversário de minha avó materna. Em 1996 antes de completar seus noventa e seis anos, Deus a levou. Meses antes de morrer, ainda lúcida e fraquinha, ainda a ouvíamos recitar com vigor a Prece de Cáritas e a dizer repetidas vezes que não sabia porque Deus não a queria levar. Alteava a voz firme e dizia a sua idade para quem quisesse ouvir, com o maior orgulho.
Lembro dela, sempre a nos rodear, tinha o hábito de nos visitar pela manhã, quando (morava na mesma rua) saía para as compras e vinha indagar se minha mãe queria algum produto e também à tarde, quando terminava suas tarefas de casa e vinha ficar com os netos e bisnetos. Chegava suspirando, sacudindo as chaves de casa e se dirigia imediatamente para a geladeira para tomar água, dando a impressão de que tinha vindo de uma légua de distância.
Lembro também que quando sua vida financeira se estabilizou, decidiu mudar móveis e pertences. Não tinha a paciência de comprá-los nos grandes magazines e esperar a entrega. Utilizava as pequenas lojas do bairro e fazia com que os entregadores após o pagamento a seguissem com os móveis nas costas e os instalassem em sua casa. Tudo nela era assim – imediato. Imediato, como a sua língua. Verbalizava como ninguém aquilo que pensava a respeito de qualquer coisa, fosse com quem fosse. Direta, sincera, confiante nos seus propósitos.
Não lembro dela me fazendo afagos, mas quanto carinho encerrava em seus comentários sobre nós. Só explicitava seus carinhos com os bebês. Com eles, sim. Tinha-os como troféus, em suas camisolas brancas, compridas e rendadas que, arrumava entre os braços e saía a passear pela vizinhança com o principal intuito de exibi-los. Lembro dela, cantando para niná-los na velha cadeira de balanço, disputada a unha com meu pai.
Nos momentos seguidos de gravidez de minha mãe, era ela o nosso porto seguro e vejo-a, como se fosse hoje, correndo de um lado para o outro, nervosa, entrando e saindo do banheiro várias vezes, a esperar o momento do parto com aflição.
Não lembro dela todos os dias, sinto que às vezes até esqueço de rezar por ela, mas que orgulho sinto em também ser fruto dessa grande semente que gerou minha mãe.
Lembro que se ainda estivesse viva, um mês antes do seu aniversário estaria preparando a festa e falando a respeito , e convidando vizinhos e parentes e conjecturando coisas absolutamente do seu jeito especial. Parabéns, vovó. Esteja onde estiver, tenho certeza de que está com Deus!
(Adir Vieira - 15/12/09)
Lembro dela, sempre a nos rodear, tinha o hábito de nos visitar pela manhã, quando (morava na mesma rua) saía para as compras e vinha indagar se minha mãe queria algum produto e também à tarde, quando terminava suas tarefas de casa e vinha ficar com os netos e bisnetos. Chegava suspirando, sacudindo as chaves de casa e se dirigia imediatamente para a geladeira para tomar água, dando a impressão de que tinha vindo de uma légua de distância.
Lembro também que quando sua vida financeira se estabilizou, decidiu mudar móveis e pertences. Não tinha a paciência de comprá-los nos grandes magazines e esperar a entrega. Utilizava as pequenas lojas do bairro e fazia com que os entregadores após o pagamento a seguissem com os móveis nas costas e os instalassem em sua casa. Tudo nela era assim – imediato. Imediato, como a sua língua. Verbalizava como ninguém aquilo que pensava a respeito de qualquer coisa, fosse com quem fosse. Direta, sincera, confiante nos seus propósitos.
Não lembro dela me fazendo afagos, mas quanto carinho encerrava em seus comentários sobre nós. Só explicitava seus carinhos com os bebês. Com eles, sim. Tinha-os como troféus, em suas camisolas brancas, compridas e rendadas que, arrumava entre os braços e saía a passear pela vizinhança com o principal intuito de exibi-los. Lembro dela, cantando para niná-los na velha cadeira de balanço, disputada a unha com meu pai.
Nos momentos seguidos de gravidez de minha mãe, era ela o nosso porto seguro e vejo-a, como se fosse hoje, correndo de um lado para o outro, nervosa, entrando e saindo do banheiro várias vezes, a esperar o momento do parto com aflição.
Não lembro dela todos os dias, sinto que às vezes até esqueço de rezar por ela, mas que orgulho sinto em também ser fruto dessa grande semente que gerou minha mãe.
Lembro que se ainda estivesse viva, um mês antes do seu aniversário estaria preparando a festa e falando a respeito , e convidando vizinhos e parentes e conjecturando coisas absolutamente do seu jeito especial. Parabéns, vovó. Esteja onde estiver, tenho certeza de que está com Deus!
(Adir Vieira - 15/12/09)
Fonte da imagem: meujardim2009...
Diza,
ResponderExcluirVai dizendo...
Lindas recordações da Vovó! Que ela esteja bem!
Beijos