São três horas da tarde e tento descansar do almoço, o que habitualmente não faço, a não ser em dias que me excedo nas atividades domésticas na parte da manhã.
Toca o telefone e ao atender, a pessoa do outro lado, chama pelo meu nome como se eu fosse do sexo masculino. Já não reparo nessa questão, visto que ao longo da vida, inúmeras foram as vezes em que, à distância, me confundiram assim.
Desfeito o engano e após as desculpas exacerbadas do meu interlocutor, percebo que o objetivo do telefonema era me oferecer uma linha de crédito, pois minha aposentadoria me permitia comprometer até trinta por cento da minha renda em empréstimos.
Começo a ficar impaciente, quando o atendente de telemarketing me pergunta se eu já tenho descontos em folha e ao contrário do que eu pensava, minha negativa, serviu para inflá-lo de sabedoria e conhecimentos para me convencer a ter o primeiro empréstimo.
A cada justificativa que eu dava para não fazê-lo, mais e mais, usava seu aprendizado incorreto para expor as benesses de dividir uma quantia considerável em várias prestações minúsculas, por um prazo longo, mas possível de ser contratado. Frisava ainda que assim, eu nem sentiria no meu salário a falta de tal importância. Obviamente, omitiu os juros abusivos e o fato de que eu pagaria a tal quantia ad-eternum e ainda correria o risco de morrer antes da última prestação.
Quanto mais eu o ouvia, mais ele sentia que estava me demovendo da rígida decisão de não aceitar a proposta, quando eu, com um grito de BASTA! O fiz calar.
Tentei ensinar-lhe regras para envolver o interlocutor – boa que era nisso nos meus tempos de vendedora - Expliquei-lhe que seu instrutor havia lhe ensinado ser vendedor e comprador e ele estava misturando os papéis, visto que pensava adivinhar o que eu tinha em mente, mas que seu instrutor não havia lhe ensinado o momento exato de parar de falar, enfim, de me ouvir.
Ficamos por causa meia hora discutindo o assunto – agora, não mais o empréstimo – mas a forma de oferecer-lho.
Ele, com desculpas, eu com indignação, até que me dei conta de que, da forma que o mundo está e especialmente os serviços, hoje era ele a me tomar meu precioso tempo e amanhã seria outro.
Fui eu então que humildemente lhe pedi desculpas, prontamente aceitas pelo rapaz que num último gesto desalentador fez questão de deixar seu nome e telefone para contatá-lo, quase eu mudasse de idéia. Pode?
Toca o telefone e ao atender, a pessoa do outro lado, chama pelo meu nome como se eu fosse do sexo masculino. Já não reparo nessa questão, visto que ao longo da vida, inúmeras foram as vezes em que, à distância, me confundiram assim.
Desfeito o engano e após as desculpas exacerbadas do meu interlocutor, percebo que o objetivo do telefonema era me oferecer uma linha de crédito, pois minha aposentadoria me permitia comprometer até trinta por cento da minha renda em empréstimos.
Começo a ficar impaciente, quando o atendente de telemarketing me pergunta se eu já tenho descontos em folha e ao contrário do que eu pensava, minha negativa, serviu para inflá-lo de sabedoria e conhecimentos para me convencer a ter o primeiro empréstimo.
A cada justificativa que eu dava para não fazê-lo, mais e mais, usava seu aprendizado incorreto para expor as benesses de dividir uma quantia considerável em várias prestações minúsculas, por um prazo longo, mas possível de ser contratado. Frisava ainda que assim, eu nem sentiria no meu salário a falta de tal importância. Obviamente, omitiu os juros abusivos e o fato de que eu pagaria a tal quantia ad-eternum e ainda correria o risco de morrer antes da última prestação.
Quanto mais eu o ouvia, mais ele sentia que estava me demovendo da rígida decisão de não aceitar a proposta, quando eu, com um grito de BASTA! O fiz calar.
Tentei ensinar-lhe regras para envolver o interlocutor – boa que era nisso nos meus tempos de vendedora - Expliquei-lhe que seu instrutor havia lhe ensinado ser vendedor e comprador e ele estava misturando os papéis, visto que pensava adivinhar o que eu tinha em mente, mas que seu instrutor não havia lhe ensinado o momento exato de parar de falar, enfim, de me ouvir.
Ficamos por causa meia hora discutindo o assunto – agora, não mais o empréstimo – mas a forma de oferecer-lho.
Ele, com desculpas, eu com indignação, até que me dei conta de que, da forma que o mundo está e especialmente os serviços, hoje era ele a me tomar meu precioso tempo e amanhã seria outro.
Fui eu então que humildemente lhe pedi desculpas, prontamente aceitas pelo rapaz que num último gesto desalentador fez questão de deixar seu nome e telefone para contatá-lo, quase eu mudasse de idéia. Pode?
(Adir Vieira - junho/2009)
Fonte da imagem: souddd.wordpress.com
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